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21 setembro 2006

Um dia na Matala


Mal soube que alguém tinha arranjado um jeep c/ motorista para ir à Matala, mostrei-me logo disponível para viajar. No dia seguinte, pequeno almoço tomado, farnel, depósito atestado e, ás 7h estávamos de partida.
Matala é uma importante cidade no interior da Província de Huila, junto ao Rio Cunene, e dista aprox. 200 Kms do Lubango. A estrada está em obras e transita-se por uns caminhos laterais, ou, por onde calha. O motorista Abel, prevê que talvez entre as 12h e as 13h chegaríamos.
O terreno é pouco acidentado, mas os trilhos são péssimos, e quatro horas e meia depois de saltos, confusões, pó, muito pó, chegámos à Matala. Para trás tinham ficado vários povoados e aldeias de barro e colmo.

Fiquei a saber que o objectivo da viagem era a pesquisa para obtenção de uma certidão de um professor, datada de à 33 anos atrás, na Escola de Capelongo, uma aldeia vizinha.
O Abel, culto e desenrascado, telefona a um amigo local, professor, para nos ajudar na tarefa. Fomos marcar o almoço num pátio meio tosco e com muitas moscas, mas o amigo do Abel garantia que era do melhor que havia. «A cozinheira tinha aprendido com uma portuguesa». Partimos para Capelongo!

Apesar do isolamento a que esta zona tem estado pela falta de estradas, Matala fica numa região riquíssima, com excelente solo agrícola, muita água e a importante barragem que fornece energia para Lubango e toda a região.
Matala tem actualmente mais de 250 000 habitantes. Em redor do pequeno núcleo central da povoação coexistem milhares de casotas de barro com telhado de zinco e palhotas de colmo. O típico em todas as povoações angolanas.
Tem estação de caminho-de-ferro, foi um importante centro de colonos agrícolas que deixaram construído um excelente canal de irrigação, agora recuperado. Tudo o resto parou no tempo.
Mas aqui o mundo é cheio de contrastes. Ouçam só :
Na província da Huila a energia eléctrica é precária porque a barragem da Matala está a produzir abaixo dos 20%. A barragem está cheia de areias trazidas pela Rio Cunene e precisa de ser assoreada. Está repleta de caniçais. O problema é que se prevê que nas areias estejam muitos diamantes trazidos pelo rio, e o governo não quer deixar qualquer um fazer o trabalho.

Cheira-se e respira-se África. Na viagem para Capelongo, junto ao canal e ao rio, gostei do que vi. Bons terrenos a serem cultivados. Disseram-me até que o ano passado tiveram excesso de tomate e não conseguiram escoá-lo.
Capelongo : Após percorremos a Av. dos Pioneiros, eis a desejada escola. Toda recuperada e arranjadinha. Mas os problemas começaram na secretaria.
Isso era assunto de chefe e chefe não estava. Fomos a casa do Prof. Mota, mas não estava. Procurámos em tudo o que era livro e arquivo. Nada.
Restava-nos a Administração Central em Matala. Azar! O chefe também não estava. Fomos bater aos serviços escolares. O chefe não estava, mas um telefonema e apareceu. A amizade com o amigo do Abel acabou por ajudar a solucionar o assunto.
A barriga já dava horas, e ás 15h lá fomos almoçar um excelente peixe (kimaia) grelhado, do Cunene. Cinco estrelas. Serviço modesto, mas asseado. A ti Glória estava aprovada e até sabia fazer, chouriço, morcela e alheira. Mostrou-nos a carne em vinha-de-alho.

A 2ª parte da missão era encomendada por uma amiga que agora vive em S. Paulo, e que não sabe da mãe desde garota. Mais uma vez o amigo do Abel foi de extrema utilidade. Dirigimo-nos à Pensão Continental e descobrimos que a D. Cremilde era lavadeira. Mandada chamar a casa por um "muleque", foi um mar de emoções.
Conseguimos pô-la a falar ao telefone com uma filha de quem não tinha notícias à 34 anos. Até chorei !

A hora avançava e o sol começou e beijar a terra. Espectaculares imagens. Ainda esperámos o comboio para observar a azáfama, mas este teimava em não aparecer, apesar de todo mundo ir dizendo que "tá pa chegá" (mais hora menos hora).
Estávamos muito atrasados e era tempo de regressar. Valeu-nos os atalhos que fizemos pelas zonas centrais das obras, mas mesmo assim chegámos noite cerrada. Cansadíssimos, pareceu que tínhamos dado a volta ao mundo, mas afinal só tínhamos ido à Matala.
Com a nova estrada tudo seria mais fácil.
Obrigado Abel, e boa sorte!

10 Comments:

At 9:02 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Lamento não ter sabido dessa ida à Matala! Teria regressado à Humpata também muito cansado, mas feliz! Parabéns pelo Blog. Gostei de ver as belas fotos.

 
At 9:52 da tarde, Blogger Lis said...

Obrigada por me mostrares um pouco da minha terra, que não conheço.

 
At 10:58 da tarde, Anonymous Anónimo said...

A reportagem da Matala está uma maravilha.Obrigado pelas emoço~es geradas em tantos corações.jmrs

 
At 11:03 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Adorei poder passar " UM DIA NA MATALA " contigo....foi maravilhoso tornbar a passar por aquela linda terra!!obrigada pela partilha!!
Maria de Lourdes

 
At 7:52 da tarde, Blogger Joaquim Miguel said...

Fui para a Matala tinha então cerca de 3,5 anos. Ali estudei até à 3ª. classe. O meu pai trabalhou na barragem, no canal, na Brigada, Etc. Tenho na memória muitas pessoas, das quais uma colega de escola, que por acaso também se chama Maria de Lurdes Sampaio, mas deve ser apenas coincidência?!
A Matala, grande e nobre Terra.

 
At 7:34 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Joaquim, diz-me lá, onde era a tua escola? quem era a tua professora?
Concerteza que sou eu essa Maria de Lourdes Sampaio...Com esse nome só eu mesmo!!!!!Havia poucas "LOURDES", ou mais nenhuma que eu me lembre, lá na nossa escola!e na Matala...só eu !!!
O meu pai era o Cassiano Sampaio, todo mundo o conhecia, pela simpatia, bondade , honestidade o prazer de receber aqueles com quem ele podia conversar, tocar viola´ etc etc etc....talvez e só porque ERA MEU PAI....Amigo não deve ser coincidência, devo ser eu mesma....
fiz naquela linda Escola, os meus primeiros 4 anos de Escolaridade, foram esses anos que me levaram depois até outras paragens, outras escolas e me prepararam para a vida .....a Vida que tenho hoje!!
Gostei, de voltar a fazer novamente esta viagem....algumas lágrimas uma vez mais saltaram, mas, foi bom sentar.me uma vez mais naquelas carteiras, jogar á bola com os meus irmãos e colegas, subir ás mandioqueiras que estavam plantadas no quintal da frente.....enfim, adorei, brincar, quem sabe contigo mesmo. Uma vez mais OBRIGADA!!!
Um beijo do Tamanho do Mundo
Maria de Lourdes

 
At 4:07 da tarde, Anonymous Anónimo said...

A Escola Primária era a nº. 120, a única na altura em 1961 e anos seguintes. Tinha apenas duas salas, um corredor interior e exteriormente perpendicular às salas tinha os dois quartos de banho antecedidos por uma área cimentada, coberta por um telhado de duas águas. Opostas ao corredor e viradas para a estrada as salas tinham portas de vidro, onde existia uma área com colunas e uma rampa para acesso do exterior. A escola tinha um grande recinto resguardado por arame farpado onde se jogava à bola.
Quanto às professoras não me lembro dos nomes, senão duma (Glória?) mas tenho-as quase todas bem presentes na memória e consigo referencia-las por várias atitudes de circunstância.
Lembro-me perfeitamente do nome “Sr. Cassiano Sampaio” e de muitos outras pessoas.
Quanto à Maria de Lurdes Sampaio, se a memória não me falha, vivia na casa gémea oposta ao do Sr. Saul, que tinha pelo menos 5 filhos (O Gilberto, A Graça, A Irene? ….)
Nós somos dois irmãos e éramos conhecidos pelo nome de Miguel. O meu pai e a minha mãe, infelizmente ambos já falecidos, era o Sr. Miguel e a D. Ana.Vivia-mos próximo do Posto de Socorros, onde moravam, entre outros, o Sr. Davide (cujos filhos também andavam na escola) e o Sr. Vieira.
Bem presente ficou na memória o que mais tarde se veio a constatar ser um boato, quando nos encontrávamos no recreio e de imediato tivemos que entrar para o corredor da escola e posteriormente fugir para apanhar qualquer viatura que nos transportasse para a Central/Barragem. Nesta altura ainda nós morávamos próximo do laranjal.
Gostaria de saber muito acerca desta Terra que vi nascer e crescer.
Meu endereço: lumeje@gmail.com
Muitos beijinhos.

 
At 7:57 da tarde, Anonymous Anónimo said...

adorei ver estas fotos da matala
fes-me recordar a minha terra.
onde morei e andei na escola tinha tambem os meus amigos . sou a MARIA JULIA VASCONCELOS filha do srº VASCONCELOS QUE TRABALHAVA NA barragem, o meu mail gregoriovalenca@hotmail.com

 
At 3:22 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Boa Tarde,

não nasci na Matala. Mas aí vivi alguns anos da minha infância e estudei desde a 1ª á 3ª classe.
Actualmente tenho 44 anos.
O meu Pai trabalhava nos Caminhos de Ferro.
Gostava de ver fotos desta terra.
Obrigado
Luis Durão
lagdurao@gmail.com

 
At 12:21 da tarde, Anonymous Anónimo said...

ola eu sou o Ramiro que trabalhava na penssao continenta ai na matala linda terra ,espero la voltar um dia para recordar, o meu contactoe gregoriovalenca@hotmail.com

 

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